Ao contrário do que tem sido noticiado, o Departamento de Zoonoses da Prefeitura Municipal de Lagoa Santa informa que não há parâmetros estatísticos que confirmem um surto de escorpiões na cidade. “O Serviço recebe e apura de uma a duas denúncias de casos de escorpião por semana”, afirma o chefe do serviço, o médico veterinário Gustavo Lopes Teixeira. “Ano passado, investigamos 128 denúncias envolvendo animais peçonhentos, não apenas escorpiões”, complementa ele.

O suposto surto ganhou certo destaque depois que o garoto Roger Samuel, de seis anos, foi picado na casa da avó na segunda-feira, 6/01, socorrido por uma agente de saúde do município e encaminha para atendido em regime de urgência na Santa Casa de Misericórdia. Esgotadas as possibilidades no hospital local, Roger Samuel foi encaminhado para o Hospital João XXIII – unidade de referência de tratamento deste tipo de caso na Região Metropolitana de Belo Horizonte – onde, apesar dos cuidados recebidos, veio a falecer na madrugada do dia seguinte. Uma fatalidade.

Região propícia

Apesar do alarmismo em torno de um possível e não comprovado surto, o Departamento de Zoonoses reconhece que os estados de Minas Gerais e São Paulo, por causa da composição de seu solo, são as regiões mais propicias ao aparecimento do aracnídeo. E o verão, com ou sem chuvas, é um momento que ele começa a aparecer com mais freqüência, por causas das altas temperaturas que os forçam a sair de seus esconderijos. Cidades com grandes volumes de obras, como Lagoa Santa, e os respectivos desmatamentos e terraplanagem de terrenos para construções também desentocam os animais, podendo levá-los para locais densamente habitados.

“Os escorpiões geralmente são encontrados em ambientes úmidos e escuros. Podem ser descobertos nos mais variados ambientes, escondidos junto às habitações humanas, construções, dentro ou próximo das casas, aonde exista farta alimentação como insetos, grilos e baratas. Ao encontrarem áreas com condições favoráveis, com alimento disponível, abrigo e clima adequado haverá maior probabilidade de multiplicação da espécie. Pilhas de madeira, telhas, tijolos, pedras e material de construção são ótimos esconderijos para esses animais”, explicou o chefe do Departamento de Zoonoses em entrevista ao jornal “Fala”.


Os especialistas da Prefeitura orientam às pessoas que encontrarem escorpiões não devem tentar matá-los ou capturá-los, por causa do perigo envolvido. Ao contrário, devem acionar imediatamente o Departamento de Zoonoses pelo telefone 3688-1446 no horário comercial. Todas as denúncias serão investigadas pelos agentes de saúde, que vão ao local em que apareceu o aracnídeo, fazem a captura e dão as orientações necessárias para lidar com a situação.

Cuidados necessários

O Departamento de Zoonoses da Prefeitura Municipal, vinculado organicamente à Secretaria de Saúde, apresenta abaixo uma série de providências que os cidadãos devem tomar para prevenção de picadas de escorpião nesse período do ano:

  1. 1.Manter limpos quintais e jardins, não acumulando folhas secas ou lixo domiciliar. Remanejar, periodicamente, materiais de construção que estejam armazenados (empilhados).
  1. Ao trabalhar com materiais de construção, usar luvas de raspa de couro ou de outro material, que protejam as mãos contra as picadas. Usar sempre calçados.
  2. Evitar plantas ornamentais densas, arbustos e trepadeiras junto a paredes e muros das casas.
  3. Rebocar paredes e muros para que não apresentem vãos ou frestas.
  4. Vedar soleiras de portas com rolos (travesseiros) de areia.
  5. Consertar rodapés despregados e colocar telas nas janelas.
  6. Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. Periodicamente limpar e usar desinfetantes nestes locais, em locais, em caixas de gordura e em bocas-de-lobo.
  7. Usar telas nas aberturas de ventilação dos porões e manter assoalhos calafetados.
  8. Acondicionar lixos domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes, que deverão ser mantidos fechados para evitar baratas, moscas ou outros insetos que servem de alimento para os escorpiões.
  9. Examinar bem as roupas em geral, inclusive de camas, calçados, toalhas de banho e de rosto, antes de usá-los para ver se não ocultam escorpiões.
  10. Manter berços e camas afastados das paredes e evitar que os mosquiteiros e roupas de cama se encostem ao chão.
  11. Limpar terrenos baldios situados nas redondezas de imóveis ocupados, mantendo a vegetação bem aparada e removendo pedras, pedaços de madeira ou objetos descartados que possam abrigar escorpiões, numa faixa de até dois metros das residências.
  12. Evitar a formação de áreas/ambientes adequados para abrigo e proliferação de escorpiões, decorrentes de obras de construção civil e terraplanagem que possam deixar acúmulos de entulho, superfícies sem revestimento, umidade, vazamentos