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Seguindo o Caminho de Lund…

 

Na primeira metade do século XX, várias pesquisas foram desenvolvidas na região com o objetivo de elucidar a questão aventada por Lund acerca da contemporaneidade do homem com megafauna. 1909 Cássio H. Lannari, amador, escava na gruta de cerca grande, ele era proprietário da Fazenda Mocambo, onde localiza a Gruta de Cerca Grande.

Em 1926 Padberg Drenkpol e Bastos D`Àvila , dirigiu expedições do Museu Nacional na Região, não encontraram dados para comprovar a contemporaneidade. Os seus relatórios não foram publicados.

A missão Americano-Brasileira em 1956 a liderada por Wesley Hurt empreendeu pesquisas nos sítios arqueológicos de Cerca Grande e Lapa de Boleiras na região arqueológica de Lagoa Santa, encontraram vários esqueletos que forneceram uma data para as ocupações mais antigas na região em torno de 10 mil anos (Hurt & Blasi,1969). Outras pesquisas foram realizadas pela Academia de Ciências de Minas Gerais, onde Harold Walter, Arnaldo Cathoud e Anibal Matos escavaram várias grutas e abrigos desde 1933, reunindo uma significativa coleção de ossos e publicando sobre seus achados até 1970.

No início da década de 1970 ocorreram, na região, pesquisas da missão franco-brasileira, coordenada pela arqueóloga francesa Annette Laming Emperaire, e com a participação de diversos arqueólogos, brasileiros e franceses. As pesquisas e escavações feitas por essa missão foram realizadas na Lapa Vermelha IV, e renderam um dos achados de maior destaque na região, um crânio humano que posteriormente seria conhecido na mídia como Luzia.

Foram estudos realizados por Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP/SP, que analisaram características importantes das populações antigas de Lagoa Santa, apontando uma semelhança na morfologia craniana com grupos africanos e aborígenes australianos. Através desses estudos Walter Neves batizou o crânio encontrado pela missão franco-brasileira na década de 70, com datações de 11.500 anos, de “Luzia”, sendo esse um dos fósseis humanos mais antigos a serem encontrados na América do Sul.

Segundo os indícios, as populações dessa primeira ocupação se caracterizavam como caçadores/coletores, apresentando uma dieta a base da coleta de frutas/vegetais e da caça. Posteriormente as primeiras levas humanas foram absorvidas e/ou dizimadas com a chegada de novos grupos à região. Esses grupos desenvolveram as indústrias líticas e cerâmicas, além da prática da arte rupestre. Diversas são as evidências dessas manifestações culturais na região arqueológica de Lagoa Santa, presentes em vários sítios arqueológicos, destacando-se entre eles; Lapa Vermelha IV, Cerca Grande e Gruta do Sumidouro.

Entre 2001 e 2009, mais pesquisas foram desenvolvidas na região, através do “Projeto Origens e Microevolução do Homem na América: Uma Abordagem Paleoantropológica", realizadas pelo Laboratório de Estudos Evolutivos da USP, sob coordenação do Prof. Walter Neves. Esse projeto contemplou a escavação dos Sítios arqueológicos da Lapa das Boleiras, e Lapa do Santo ambos na região arqueológica de Lagoa Santa.

Em 2011 dando sequência a esses estudos, mais pesquisas foram realizadas através do projeto “Morte e vida na Lapa do Santo: uma biografia arqueológica do povo de Luzia”, coordenado pelos pesquisadores André Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE/USP), e Rodrigo de Oliveira, do Instituto de Biociências(USP). Essas pesquisas estão com foco na saúde e nas práticas funerárias desses antigos grupos. Os estudos já renderam diversos achados de destaque, com sepultamentos que chegam a cerca de 10.000 anos atrás, incluindo o caso mais antigo de decapitação humana encontrado até hoje nas Américas.

 

Escavações na Lapa do Santo
(Imagem: Lapa do Santo1)